segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

- Jostein Gaarder em O Dia do Curinga:

De repente, os raios do sol da tarde incidiram sobre a pequena vidraça fazendo o aquário reluzir. Foi então que vi que o peixinho não era apenas alaranjado. Também era vermelho, amarelo e verde. A água e o vidro do aquário se tingiram, então, das cores do peixe e ficaram parecendo um estojo completo de aquarela. E quanto mais eu observava o peixe, o aquário e a água, tanto mais me esquecia de onde estava. Por alguns segundos cheguei a acreditar que eu mesmo era o peixe dentro do aquário e que o peixe estava do lado de fora, me olhando.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

- García Marquez em Memórias de Minhas Putas Tristes:

Tinha uns olhos de gata fujona, um corpo tão provocador com roupa ou sem, e uma cabeleira frondosa de ouro alvoroçado e cuja emanação de mulher me fazia chorar de raiva no travesseiro. Sabia que nunca chegaria a ser amor, mas a atração satânica que exercia sobre mim era tão ardorosa que tentava me aliviar com tudo que era dama da vida de olhos verdes que encontrava no meu caminho. Nunca consegui sufocar o fogo de sua lembrança na cama de Pradomar, e assim entreguei-lhe minhas armas, com pedido formal de mão, troca de anéis e anúncio de boda antes de Pentecostes.